Saúde e Bem-Estar

Vamos falar de saúde mental. Famosos que assumiram a doença

9 Outubro, 2021

Se sente alguns destes sinais, está na hora de começar a olhar por si e pela sua saúde mental: isolamento, alienação, apatia, preocupação, medo e tristeza.

É extremamente importante ter atenção à sua saúde mental. Estima-se que uma em cada cinco pessoas em Portugal tenha uma doença mental, sendo a depressão a que mais afeta os portugueses. As “doenças invisíveis” são muitas vezes a razão pela qual as pessoas se tornam vítimas de olhares e comentários discriminatórios de colegas, amigos e familiares. A Maria falou com a psicóloga Natascha Seixas sobre a importância cada vez mais de cuidarmos da nossa saúde mental, pois sem ela, a nossa saúde física também fica comprometida.

A depressão é a doença mental que mais afeta os portugueses

Os problemas de saúde mental vão ser a próxima pandemia depois da Covid-19?
Acredito que estaremos muito próximo de um colapso e que as questões de saúde mental sejam a próxima pandemia mundial. Os problemas de depressão, ansiedade, pânico e perturbação de conduta nos adolescentes são cada vez mais e com tendência a aumentar no pós-Covid. A perda dos familiares, o luto e o stress pós-traumático também vem contribuir para o cenário pandémico que se prevê.

Como a pessoa sabe que precisa de terapia?
Quando começa a faltar às atividades que anteriormente eram prazerosas, quando deixa de ter vontade para sair e conviver com os amigos, ou seja, dá-se um isolamento interpessoal, falta de paciência para a família, isolar-se no quarto, tendência para estar no escuro, deixar de atender o telemóvel às pessoas próximas, aumento ou perda de apetite, pensamentos persistentes, aos quais a pessoa não consegue resistir, falta de ar, irritabilidade, taquicardia, suores noturnos, cefaleias, ansiedade, medo exacerbado, diagnóstico de cancro, processo de luto, consumo de substâncias ilícitas, divórcio, problemas de relacionamento, ouvir vozes que os outros não ouvem, ver coisas que os outros não veem (alucinações acústico-visuais),entre outros.

 “Deixa-te de coisas, vá hoje não há lugar para tristezas”

Existe ainda um estigma à sua volta?
As pessoas consideram normal faltarmos ou colocarmos uma folga no trabalho por estarmos com dor abdominal, com gripe, com dor ciática ou outra doença física. No entanto, se uma de nós disser que não se sente bem porque está esgotada, com apatia, que só sente vontade de chorar, está com ataques de pânico e muita ansiedade, certamente os seus amigos não lhe vão dizer: “Tira o dia e fica a descansar”. O mais provável será ouvir algo do género: “Deixa-te de coisas, vá hoje não há lugar para tristezas, hoje também estava cheia de preguiça e que remédio tive eu”.

Há um estigma muito grande à volta das doenças mentais. Quando não tratadas é como uma doença física, um resfriado que pode passar a pneumonia e conduzir à morte. De um diagnóstico, à partida, simples poderemos passar a um prognóstico reservado.
Que perturbações psiquiátricas corremos maior risco de virem a emergir?
Perturbação da Depressão, Perturbação da Ansiedade e Pânico e Problemas de Relacionamento.

 “A pessoa começa a reagir a coisas sem importância”

Muito associado à Saúde Mental está a depressão…
Há pessoas que chegaram ao estado da depressão por serem fortes demasiado tempo e é por um acumular de situações dolorosas que acabam por não aguentar mais com toda essa carga emocional e o resultado é uma tristeza profunda. Mas mesmo assim pensam que ao esconder o estado debilitado mantêm a sua dignidade sem transmitir sinais de fraqueza. Mas essa máscara não se mantém por muito tempo. Porque o corpo começa a falar e o físico dá também sinais.

Começa a ficar cansado e verifica-se uma dificuldade em obedecer à mente. O corpo “cola” à cama e é muito difícil levantar para trabalhar à medida que a depressão se agrava. Há também manifestação de irritabilidade, maior sensibilidade, a pessoa começa a reagir a coisas sem importância.

O que deve ser feito para enfrentar este problema?
Sensibilizar a população em geral para estes temas e que realmente a doença mental não deve ser negligenciada e todos deveríamos ter acesso a um terapeuta. Deveriam ir ao psicólogo todas as pessoas, como quem vai a um médico de clínica geral. Todas poderemos ser melhores pessoas e melhorarmo-nos a cada dia e fazer uma viagem ao seu interior, é das maiores aventuras e investimentos que poderá fazer em vida.

Famosos também sofrem …

António Raminhos: “Tenho pensamentos repetitivos”
Foi das primeiras figuras públicas a falar sobre este tema. “Tenho uma falha neuroquímica e pensamentos repetidos. E um transtorno obsessivo-compulsivo desde pequenino.” Agora publica o livro Somos Todos Estranhos, um relato cru sobre a ansiedade, os medos e as obsessões que quase o fizeram enlouquecer. Ainda que em vários momentos bem–disposto, o livro assume uma abordagem muito séria sobre a saúde mental, partindo do exemplo do próprio autor.

Raquel Tavares: “Chorava nos concertos”
No Programa da Cristina, em Janeiro de 2020, a fadista anunciou o abandono dos palcos, chegando-se depois a saber que Raquel enfrentava uma depressão. “Cheguei a uma fase que estava doente. Emagreci dez quilos, tinha sintomas graves, tive uma faringite, que é a pior coisa que um cantor pode ter. Cantei em vários concertos com febre. Chorava nos concertos e já não era de emoção, era de desespero”, confessou.

Pedro Granger: “Não tive vergonha de parar”
Cinco meses depois da sua última publicação no Instagram, o ator publicou um vídeo onde admitiu que percebeu que precisava de se afastar para combater o estado de ansiedade que o atormentava. “Não há que ter vergonha de parar e de dizer que temos de tomar conta de nós. Eu não tive (vergonha de parar), não tenho e é muito bom estar de volta assim”, afirmou.

Sara Sampaio: “Estava muito deprimida”
A top model assumiu publicamente ter procurado ajuda profissional para ultrapassar alguns transtornos psicológicos que perturbavam o seu bem-estar. Há dois anos que combate uma depressão que, segundo a própria, atingiu o pico mais elevado quando estava no ponto alto da sua carreira. “Estava muito deprimida, com muita ansiedade e uma espécie de esgotamento”, disse.

Liliana Campos: “Tomar conta de nós”
Em 2020, a apresentadora confessou na sua página do Instagram, que teve uma depressão: a doença prolongada da mãe, problemas financeiros e outras situações que aconteceram à sua volta foram a causa. Foi numa consulta à ginecologista, devido a uma menopausa precoce, que lhe foi sugerido que fosse a um psiquiatra. “É importante admitirmos que estamos doentes porque só
depois é que conseguimos tratar-nos e tomar conta de nós”, aconselha.

Isabel Figueira: “Automedicava-me para dormir”
No programa Conta-me, a apresentadora abordou o tema da saúde mental. “Tive um burnout há oito anos. Automedicava-me para dormir e houve um dia em que o corpo deu de si. Quando estava a tomar comprimidos, para dormir, senti-me mal e liguei para o meu pai. Quando o meu pai chegou, eu estava estendida na minha cozinha”, recordou. Após este episódio, Isabel Figueira decidiu encontrar uma solução na psicoterapia, para se fortalecer a nível mental.

Dicas para o bem-estar físico, social e mental

✔Pratique o autocuidado;
✔Aceite-se incondicionalmente e não seja aquilo que os outros querem. Viva bem consigo, não viva para agradar;
✔Saiba dizer não;
✔Faça exercício físico, liberta neurotransmissores como a serotonina, a hormona do bem-estar que assegura o bem-estar emocional;
✔A vida não é só trabalhar: reserve um tempo só para si. Faça uma atividade prazerosa;
✔Mantenha uma alimentação saudável;
✔Afaste-se de pessoas tóxicas. Mantenha apenas o contacto estritamente necessário se for da família e se não a afetar demasiado;
✔A prática de Mindfulness, Yoga e meditação costumam ter bons resultados para o bem-estar, relaxamento e melhora o poder de concentração;
✔Procure ajuda sempre que sentir que está menos bem, lembre-se que não precisa de sofrer sozinha.

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Texto: Mário Rui Santos

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