Amor e Sexo

Ghosting: O que fazer quando alguém desaparece da relação. Especialista responde

9 Janeiro, 2022

Ghosting Ghosting

Ghosting é uma forma de acabar um relacionamento, evitando o confronto. Mas, cria inseguranças em quem fica “pendurado” e compromete relações futuras.

Na era das redes sociais, o amor tornou-se um lugar estranho para os corações desocupados. Mesmo aquelas que no início de um relacionamento físico acreditam ter encontrado a pessoa certa, é bom saberem que não estão a salvo de ser abandonadas do dia para a noite. Sem qualquer aviso ou explicação. Se em tempos se usava a célebre frase “foi comprar cigarros e nunca mais voltou”, hoje, os que se “evaporam” praticam o Ghosting. O nome deriva da palavra inglesa ghost (fantasma) e usa-se quando alguém deixa de responder a mensagens ou atender chamadas, tornando-se incontactável.

Mas, atenção, este abandono amoroso dá-se com ou sem recurso a tecnologias e, tal como um corte cara a cara, irá provocar tristeza, ansiedade, angústia e todo um “comboio” de emoções de difícil gestão. Será o Ghosting uma maneira cruel de acabar com relações? Susana Dias Ramos refere que esta é, acima de tudo, uma maneira infantil e desprovida de respeito pelo outro. “Possivelmente, com um pensamento de desresponsabilização associado. Não sei se as pessoas consideram que o desaparecimento traz esquecimento ou simplesmente esperam ficar invisíveis!”, começa por dizer a especialista em sexualidade clínica e terapia de casal.

“É assim que se iniciam as obsessões”

Segundo a especialista, quem termina de forma repentina uma relação, como se de um fantasma se tratasse, são pessoas que, por norma, têm uma vida paralela. “Outra relação já existente ou a começar. Muitas vezes são pessoas casadas e de outras regiões. Neste perfil enquadram-se as que são desprovidas de empatia pelo outro, sem cuidado, mas acima de tudo de falta de amor”, afirma Susana Dias Ramos, frisando que não sabe se este será um ato de cobardia.

Uma coisa é certa: é uma forma eficaz de evitar o confronto – não terá de responder aos porquês – e muito menos de lidar com as suas próprias inseguranças. Mas isto pode trazer consequências cruéis, devido ao desequilíbrio que provoca em quem fica ‘pendurado’. “Muitas vezes é assim que se iniciam as obsessões. A falta de explicação, de justificação, pode levar uma pessoa a ter atitudes muito desadequadas. Gostaria muito de pensar que é um ato dominantemente masculino, mas não é. As mulheres contam quando lhes acontece e vão atrás, fazem barulho… os homens, com vergonha e um pouco mais de amor-próprio, ocultam!”

Procure ajuda

Para as vítimas, o Ghosting deixa danos difíceis de reparar a nível da autoestima e, para muitos, é inevitável vir à tona o sentimento de culpa. “Onde é que eu errei?”, questionam. “Não foi a pessoa que foi deixada que errou. Todos os finais de relação têm este sentimento. Só erramos se não cuidarmos de nós. Quem realmente quiser ficar connosco vai ficar”, refere Susana Dias Ramos, também comentadora do Big Brother, da TVI, estando certa de que a dúvida gera sempre uma boa dose de sofrimento. No entanto, “temos de nos respeitar o suficiente para saber que merecemos ser amados e desejados”. E há estratégias. “Se não conseguir lidar com a situação de forma estruturada, deve procurar ajuda, para aprender a desenvolver técnicas e proteger-se de todos os sentimentos que aí vêm”, aconselha a especialista.

Um caso real

Manuela, de 35 anos, anda hoje não acredita que a pessoa com quem se envolveu durante cerca de um ano pudesse desaparecer como um fantasma.

É certo que nunca tiveram uma relação consistente, mas sempre o viu como alguém de respeito. Durante meses assumiu a culpa e quando ele, tempos depois, tentou justificar-se, já não o quis ouvir. “Não devemos, obviamente, correr atrás da ideia que criámos dessa pessoa, nem procurar explicações estapafúrdias para o facto do outro, pura e simplesmente, não nos querer. É difícil? É! Daí que a procura de ajuda profissional possa ter muita validade”, justifica Susana Dias Ramos.

 

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Texto: Carla S. Rodrigues

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