Amor e Sexo

Azar no amor? Saiba por que motivo escolhemos sempre a pessoa errada

20 Maio, 2023

casal amor

Há quem diga que é azar ao amor, mas, na verdade, o que acontece é que temos uma tendência para repetir padrões.

São muitas as pessoas que sentem ter o “dedo podre” para o amor e escolhem, de forma sistemática, alguém que “não presta”. Por norma, tendem a ser “amores que começam com um relacionamento sexual e paixão muito intensos, mas um envolvimento emocional superficial”, afirma Catarina Mexia, psicóloga e especialista em Terapia Familiar, dando-lhe seis dicas para fintar esta repetição de padrão.

Quem nunca ouviu uma amiga dizer: “Só escolho pessoas sem caráter” ou “Não tenho sorte ao amor”? Educação, experiências e valores que cada uma vai somando ao longo da vida acabam por determinar a forma como compreendemos e vivenciamos o amor. Mais: as escolhas de parceiros dependem de muitos critérios evolutivos que geram interferência neuroquímica. A especialista explica a razão desta tendência.

Da paixão à desilusão

Como se geram padrões amorosos repetitivos?

Trata-se de amores que começam com um relacionamento sexual e paixão muito intensos, mas um envolvimento emocional superficial. Rapidamente, o abandono, a traição, a falta de consideração e, no extremo oposto, a agressão física substituem a ilusão do início. E o amor em que estas pessoas tanto apostaram é rapidamente substituído por sofrimento e desilusão.

A autoimagem faz parte integrante da nossa personalidade e começa a delinear-se na infância. O relacionamento com um adulto significativo e importante para nós – o pai, a mãe, um professor ou um avô –, mas que não é capaz de valorizar, respeitar e amar o nosso ser leva-nos a acreditar que não temos valor suficiente para merecer o seu amor.

Se durante o nosso crescimento este padrão de relacionamento não se alterar, muito provavelmente viremos a ser adultos com baixa autoestima e autoimagem. Assim, quando procuramos um parceiro, provavelmente, iremos encontrar alguém com quem iremos repetir a situação infantil.

São consequências do tipo de educação familiar?

As nossas emoções e os nossos afetos começam a ser estruturados na primeira infância e estas aprendizagens vão modelar aquilo que reconhecemos no par romântico como adequado para nós. Se, por exemplo, são famílias marcadas há gerações pela desvalorização do homem, por um padrão de relacionamento conflituoso ou pela não expressão de emoções, torna-se mais difícil para esta pessoa desligar-se da herança familiar e construir o seu próprio estilo de relacionamento.

Por outro lado, por mais disfuncional que seja a nossa família, acabamos por desenvolver uma lealdade familiar inconsciente, que favorece a repetição de padrões.

Pode também ser uma situação de conforto ou o chamado hábito?

Na verdade, quem vive este padrão de relacionamento vai-se habituando, com o tempo, a suportar os embates mais terríveis à autoestima, acabando por fortalecer a capacidade de tolerar desilusões. Assim, vai perpetuando o papel de vítima, lamentando a falta de sorte e a incapacidade de mudar o destino.

“Fiz tudo por ti”

E podem desvalorizar alguém que goste, verdadeiramente, delas. Aquelas que não se sentem suficientemente merecedoras de dar e de receber amor atraem, com frequência, parceiros que confirmam estas profecias. Quando conseguem alguém que as acarinha não estão habituadas e, como tal, não sabem lidar com essas atenções. Está assim criada a condição para que a relação não vingue.

Há tendência para achar que o problema não está em nós. Quando somos educadas no sentido da desresponsabilização dos nossos atos e da autocomiseração como consequência de situações ou ações dos outros, nem percebemos que somos agentes ativos na repetição de comportamentos disfuncionais. A autorreflexão e a aprendizagem para lidar com emoções desconfortáveis são essenciais para iniciar um processo de autorresponsabilização.

E aquelas pessoas que acham que o defeito só pode ser delas?

As pessoas que se envolvem neste tipo de relacionamentos têm dificuldade em verbalizar – muitas vezes sem saberem – o que as faz felizes e quais os seus objetivos. Por norma, o desejo de agradar leva-as a centrarem-se nas necessidades e nos anseios do outro, como se a sua existência se justificasse, apenas, em função dele. Os conflitos surgem quando aquele que julgava ter um amor intenso e desinteressado se vê confrontado com “fiz tudo por ti e tu nada me deste em troca”.

Existem critérios intelectuais e químicos para que isso aconteça?

Sim. O cheiro e as características anátomo-fisiológicas percebidas inconscientemente estão relacionadas com a determinação de um bom amante/reprodutor.

Seis formas de ultrapassar estas características

1- Tenha consciência da sua própria história, desde a infância. Por exemplo, perceba se sempre foi uma cuidadora nas relações. Procure perceber como os padrões disfuncionais dos seus pais afetaram as suas escolhas de parceiros.

2- Aceite a sua parte no processo. Entenda de que forma o seu comportamento cumpriu um papel na dinâmica da relação.

3- Avalie as suas expectativas sobre relacionamentos amorosos. Se continuar à procura do príncipe encantado, estará constantemente a trabalhar para a deceção. Não existe um parceiro perfeito.

4- Recuse o papel de vítima. Quando você se vê como vítima, as suas ações reforçam a visão negativa de si mesma. Não fique obcecada com as suas escolhas passadas, mas aprenda com elas.

5- Aprenda a diferenciar atração e relação amorosa. Sexo não é amor, ainda que possam estar relacionados. Verifique se tem valores, objetivos e projetos de vida em comum com as pessoas com quem namora.

6- Pare de comparar os seus relacionamentos com o dos seus pais. Aprenda com o passado, em vez de repeti-lo.

Texto: Carla S. Rodrigues

Leia ainda:

Sexo oral: 10 práticas infalíveis para surpreender o seu parceiro na hora H

Siga a Revista Maria no Instagram

partilhar | 1 | 0